São Domingos – Tradição e Saúde com plantas do Cerrado

Por: Marcos Rogério Cruz
Publicado em: 26/10/2020

A comunidade de São Domingos, no município de Cavalcante, é referência em conhecimentos tradicionais em plantas medicinais do Cerrado. Faz parte do projeto ECOFORTE-Redes 17.217/FBB/BNDES/IA, com a proposta de revitalização do uso dessas plantas no dia a dia, com estímulos ao desenvolvimento de uma “Farmácia Viva” que poderá fazer parte da atenção à saúde básica local. A Rede Pouso Alto Agroecologia vê nessa tradição, a capacidade latente da comunidade de São Domingos na construção da sua autonomia em saúde básica e preventiva.

No intuito de potencializar esse recurso, se está trabalhando na formação do Grupo de Jovens Mulheres, previsto no projeto, no aprofundamento e resgate dos conhecimentos sobre plantas medicinais do Cerrado e de cultivo tradicional nos quintais, para revitalizar seu uso tradicional. A existência de centros de saúde fitoterápicos em Brasília, é um estímulo para o resgate do conhecimento na comunidade de São Domingos, que tem essa tradição natural.

Devido à pandemia, foram realizadas virtualmente duas atividades de nivelamento com a comunidade, reunindo técnicos do projeto, Moysés, liderança comunitária local, raizeiras da comunidade que atuam em Cavalcante e Alto Paraíso, Dr. Antônio Carlos, que atua na comunidade com assistência em medicina, Simone Wense Dias, farmacêutica que reside em Cavalcante e o técnico de meio ambiente da prefeitura Felipe Borges, para o início de diálogo. Esteve presente também a biomédica Renata Martins, especialista em plantas medicinais do Cerrado, que atua na empresa BioChás (Unidade de Referência do projeto da Rede) do distrito do Moinho em Alto Paraíso e que será a orientadora deste projeto em São Domingos. Foi sugerido que a escola local seja o núcleo para reunir o grupo para a realização de estudos, encontros e vivências com todos os cuidados e protocolos necessários devido a pandemia.

O presidente da Associação da Comunidade de São Domingos - Sr. Moysés, destacou que em primeiro lugar o mais importante é a recuperação ambiental da área de matas ciliares do córrego que abastece a comunidade. O atual cenário ambiental é de degradação e poluição, o que compromete toda a recarga das nascentes do córrego que abastece de água a população local.  A proposta do projeto prevê o reflorestamento com plantas nativas de usos medicinais do Cerrado, juntamente com outras plantas econômicas de uso doméstico e comercial em sistemas agroflorestais com emprego de agricultura sintrópica, com apoio da prefeitura.

Uma das metas do projeto é a constituição do Grupo de Mulheres Jovens para aprenderem a usar plantas medicinais, com a perspectiva de formação de novas “raizeiras” sob a orientação da raizeira Dona Cecília e sua filha Geovânia, detentoras de conhecimento ancestral passado de mãe para filha, a mãe de Dona Cecília, “Dona Antônia” foi a que passou todos os conhecimentos. Na comunidade moram outras raizeiras que poderão estimular as meninas e as jovens mulheres nessas práticas. Será realizada uma pesquisa pela associação,  sobre o conhecimento e uso de plantas medicinais, o resultado permitirá a construção de uma linha do tempo e mapa mental para ilustrar o cenário e o interesse de envolvimento da comunidade.